Kata Básico

Kata (significa: "forma") é uma palavra japonesa utilizada para representar os exercícios executados de maneira predeterminada, descreve uma simulação de combate detalhada de movimentos, que é praticada Individualmente ou em equipe. Antes de executá-lo, o praticante deve passar por uma prática de técnicas fundamentais, o kihon.
Esta simulação representa uma seqüência de movimentos, ataque e defesa numa luta imaginária. Cada ataque deve ser executado como se o oponente estivesse em sua frente, para atingi-lo, e cada defesa deve ser executada como se o adversário estivesse mesmo a atacá-lo, em uma situação real de perigo. Cada movimento tem sua interpretação, devendo ser respeitado seu e tempo e aplicação. O objetivo do Kata é ajudar no desenvolvimento das aptidões psicológicas e físicas necessárias para o verdadeiro combate.
Além do mais, o Kata faz com que você tenha domínio da luta, ou seja, você controla o espaço entre você e seu adversário, o Kata geralmente quando inventado, foi lembrado os movimentos que certos mestres tiveram que usar em situações de perigos contra dois ou mais adversários. Nos Kata estão contidas as técnicas de grandes mestres. Cada kata representa uma situação diferente pela qual o karateka esta passando. Sendo que os kata só terão o seu significado realmente compreendido por  aquele que os praticam com maior freqüência.
No Shotokan atualmente são praticados 26 Kata. Começa com 5 kata básicos, os HEIAN, que têm como objetivo fazer com que o praticante adquira habilidade sobre as principais técnicas básicas. Deve-se treinar HEIAN até que essas técnicas sejam assimiladas e passem a ser executadas de forma natural.
Depois vem a série TEKKI, com três kata. Os kata TEKKI se caracterizam pela base KIBA-DACHI (base do cavaleiro), e todos os deslocamentos são para as laterais, ou seja, somente para a direita e para a esquerda. Como os golpes nesses kata não contam com grandes deslocamentos (os golpes são curtos), os TEKKI têm como objetivo o desenvolvimento do KIME, através do treinamento, principalmente, da contração da região sub-abdominal (TANDEN).
Essas duas séries juntas, HEIAN e TEKKI, formam os kata básicos do Shotokan, e devem ser dominados por quem pretende obter a graduação SHODAN (faixa-preta 1º grau).
Os outros 18 kata são considerados avançados e, entre eles, existem vários "tipos" de kata. Cada kata possui um objetivo, e dá ênfase a um determinado tipo de treinamento. Existem kata, por exemplo, que têm como objetivo o desenvolvimento de agilidade (como o ENPI), desenvolvimento de contração/expansão muscular (como o HANGETSU), desenvolvimento de uma base firme (como o SOCHIN), etc. Nossa tarefa é estudar os movimentos dos kata e treinar aquele que for mais necessário, para desenvolver o que estiver mais precário em nossa técnica. Para isso é preciso já ter algum conhecimento e domínio técnico, e por isso só são recomendados para praticantes graduados.
Com isso, pode-se concluir que os kata não são apenas uma "luta simulada", sem nenhum sentido, como muitos costumam definir. Os kata possuem objetivos e aplicações, e eles reúnem todo conhecimento e beleza do Karatê-do.



 

HEIAN SHODAN    

Paz e Tranqüilidade 1

 

 

            O nome Heian deriva do nome utilizado em Okinawa para este kata – Pinan. Pinan é a pronúncia Okinawana dos mesmos dois caracteres de Heian. De fato, no primeiro livro de Funakoshi, ele se refere aos kata Heian como Pinan. O nome Heian vem dos esforços de Funakoshi de transformar o karatê de Okinawa mais aceitável aos japoneses.

            A lenda diz que os Pinan foram criados por Yasutsune Itosu da cidade de Shuri, Okinawa, por volta de 1905. Supostamente ele criou estes 5 kata especificamente para o propósito de ensinar o karatê nas escolas públicas. Tendo passado dificuldade de ensinar grandes turmas de crianças, Itosu simplificou o processo de ensinar o Passai (Bassai-Dai) e Kushanku (Kanku-Dai) através da criação dos Pinan. E supostamente os kata menores serviam como kata introdutórios para que os alunos pudessem desenvolver as habilidades necessárias para o aprendizado posterior de kata mais difíceis – exatamente como é usado no ensino Shotokan atualmente.

            Existe ainda a hipótese de que a origem dos Pinan são dois kata chamados Channan. Supostamente esse par de kata são muito mais antigos que os cinco Pinan. Um Channan se assemelha a três dos Pinan aglutinados, enquanto o outro Channan é similar aos dois Pinan remanescentes. Os Pinan poderiam ser esses dois kata desmembrados para ser mais facilmente estudados. Alguns acreditam que foi um diplomata chinês chamado Chiang Na que trouxe este kata para Okinawa, outros dizem que este nome é de uma cidade na China que costumava ser a capital. Os Pinan poderiam ser estes dois kata divididos em cinco para que seu estudo fosse mais fácil. Não se sabe quem exatamente criou os kata Pinan, nós podemos apenas especular.

            Você sabia que originalmente o Heian Nidan foi o primeiro kata Heian? Se você visitar uma escola de Shito-Ryu, e pedir-lhes para executar o Pinan Shodan, eles executarão o Heian Nidan.

            Em algum ponto dos anos 30, Gichin Funakoshi mudou o nome do Heian Nidan para Heian Shodan e mudou o Heian Shodan para Heian Nidan, transpondo o nome desses dois kata para que eles fossem aprendidos na ordem reversa do que foi antes estabelecido. A razão desta mudança ainda não é muito clara. Desde a época em que o fundador do Wado-Ryu, Hinori Otsuka, praticou Karatê Shotokan com Funakoshi por alguns anos, em seu estilo Wado-Ryu ainda praticam o Heian com o nome Pinan. E o primeiro e segundo kata estão na ordem reversa da que é praticada na ordem do Shotokan moderno. O estilo Shito-Ryu também mantêm essa ordem.         

            Heian Shodan compõe-se de técnicas básicas de bloqueio: bloqueio para baixo, bloqueio para cima no nível superior, bloqueio no nível intermediário com o dorso da mão em espada – e o soco direto no nível intermediário. As posturas são a postura avançada (zenkutsu-dachi) e a postura recuada (kokutsu-dachi). Também inclui o método de contra ataque quando seu punho é agarrado por um adversário forte. As coisas mais importantes a serem dominadas neste kata são a inversão da direção e o movimento das pernas.

            Nome em Okinawa: Pinan Nidan.

Movimentos: 21 kyodos.         

            Tempo: cerca de 40 segundos.

            Kiai: no 9º e 17º kyodos.





HEIAN NIDAN    

Paz e Tranqüilidade 2


            O segundo dos kata Heian foi originalmente ensinado como o primeiro. Heian Shodan e Heian Nidan tiveram os nomes trocados. Quando ele foi criado, e ainda hoje no estilo Shito-Ryu e outros sistemas Okinawanos de Karatê, este é o Pinan Shodan, e não Heian Nidan.
            A correlação com o Kanku-Dai é realmente aparente em toda a primeira metade do kata, essa parte do Heian Nidan se parece quase que exatamente com o Kanku-Dai.
            Este kata é usualmente considerado mais difícil para os estudantes aprenderem do que o Heian Shodan. Se foi por este motivo que Funakoshi reordenou os dois primeiros kata Heian ainda hoje não é claro.
            As técnicas praticadas no Heian Nidan são o bloqueio do nível superior para o lado com o lado de cima do antebraço, o chute frontal e o ataque simultâneo com o chute lateral e o dorso do punho. Para que esse ataque simultâneo seja vigoroso e eficaz, o kamae do movimento 7 tem que ser perfeito. É também importante o domínio perfeito da inversão de direções e a tomada da posição inversa semivoltada para a frente, começando da mesma posição.
            Nome em Okinawa: Pinan Shodan.
            Movimentos: 26 kyodos.
            Tempo: cerca de 40 segundos.
            Kiai: no 11º e 26º kyodos.

 

HEIAN SANDAN    

Paz e Tranqüilidade 3


            O treinamento com o Heian Sandan tem o objetivo da compreensão de giros e técnicas de pernas mais complicadas e também técnicas de luta à curta distância.
            O Heian Sandan consiste em bloqueios alternados – do nível médio para o nível inferior – bloqueio com o cotovelo, golpe com o dorso do punho, chute triturador e outras técnicas. São de especial importância: treinar na posição do cavaleiro e dominar a singular tai-sabaki de deslize dos pés (yori-ashi).

            Nome em Okinawa: Pinan Sandan.
Movimentos: 20 kyodos.
            Tempo: cerca de 40 segundos.
            Kiai: no 10º e 20º kyodos.


HEIAN YONDAN    
Paz e Tranqüilidade 4


            Heian Yondan é o primeiro kata que oferece desafios ao estudante de karatê. A primeira dificuldade encontrada está nos chutes laterais. Esta técnica parece ser desafiadora, pois requer do aluno maior flexibilidade nos membros inferiores.
            Heian Yondan introduz diversas técnicas que aparecerão posteriormente em diversos outros kata Shotokan. Como por exemplo, os dois chutes laterais seguidos de cotovelada (empi uchi) serão repetidos no Sochin e nos dos kata Kanku. O chute frontal seguido uraken será outra técnica que serão requisitadas dos estudantes em outros kata.
            As técnicas no Heian Yondan são o bloqueio em X para baixo e o bloqueio do nível médio com o antebraço reforçado, o golpe circular com a mão em espada, o golpe horizontal com o cotovelo, o bloqueio em forma de cunha inversa e o golpe com o joelho. A difícil postura de pernas cruzadas deve ser dominada. Os movimentos 1 e 2 são feitos lentamente, mas as mãos e os pés têm que se movimentar em harmonia.
            Nome em Okinawa: Pinan Yondan.
Movimentos: 27 kyodos.
            Tempo: cerca de 50 segundos.
            Kiai: no 13º e 25º kyodos.

 

HEIAN GODAN    

Paz e Tranqüilidade 5


            Heian Godan deixa de lado o chute lateral que é tão desafiador no Heian Yondan e neste encontra-se o pulo. É a primeira vez que o estudante de karatê é requisitado a pular em um kata. Kata como o Enpi, Kanku-Sho, Unsu e Meikyo requerem pulos altos no ar, portanto a habilidade de pular é muito importante para aqueles que querem estudar a fundo os kata. Dominar a técnica de pulo no kata é extremamente importante.
            A técnica misteriosa no final do kata geralmente é interpretada de ataque seguido de técnica de derrubada. Entretanto cada instrutor irá certamente interpretar de acordo com sua preferência. Técnicas de derrubada/arremesso e imobilizações estão aparentemente escondidas na estrutura dos kata. O porquê destas técnicas não serem mais claras nos kata não é certa. As duas últimas técnicas no Heian Godan, aparentemente sem sentido no final do kata para um observador destreinado, são exemplos de técnicas de arremesso e imobilização no kata.
            No Heian Godan, as técnicas incluem a postura da “água corrente”, bloqueio em x do nível superior, bloqueio  no nível médio pressionando para baixo e para o lado partindo da postura de cavaleiro, bloqueio em gancho, para o lado, do nível médio, chute em forma de meia-lua e posição de pés cruzados depois de saltar. Ao passar do soco para trás de nível médio da postura recuada para a postura informal da “água corrente” (movimentos 2-3 e 5-6), a cabeça, os braços e a perna tem que se mover em coordenação com o giro dos quadris. Dominados esses movimentos, os movimentos 10, 11 e 12 podem ser executados seguidamente. No movimento 19, a postura de pés cruzados depois de saltar tem que ser firme. Essa postura ocorre freqüentemente no kata.
            Nome em Okinawa: Pinan Godan.
Movimentos: 23 kyodos.
            Tempo: cerca de 50 segundos.
            Kiai: no 12º e 19º kyodos.



TEKKI SHODAN    
Cavaleiro de Ferro 1


            Originalmente os kata Tekkki eram referidos com o nome de Naihanchi. Naihanchi pode ser escrito de vários modos inclusive o modo que signifique “no meio do campo de batalha”. Foi dado o novo nome de Tekki por Funakoshi para substituir o nome Okinawano. Outros estilos continuam praticando este kata sob o nome de Naihanchi. Ao contrário de algumas outras tentativas de Funakoshi de renomear os kata, este novo nome se firmou e se tornou comumente usado.
            O novo nome, Tekki, é composto de dois caracteres kanji. O primeiro caractere é Tetsu, que significa “aço” ou “ferro”. O segundo caractere é Ki, e significa “montar a cavalo”, “cavaleiro”. Cavaleiro de Ferro, Cavaleiro de Aço, Cavalgar cavalo de Ferro são traduções válidas.
            O fato do nome ‘cavaleiro’ ser usado pode fazer acreditar que este kata simboliza as técnicas de luta que seriam utilizadas por um cavaleiro em combate. Seriam estas técnicas para serem supostamente utilizadas montados em um cavalo?
            Os Tekki eram considerados muito importantes para Funakoshi. Em muito de seus textos, ele se refere aos anos e anos de treinamento no kata Naihanchi. Por dar muita ênfase em andar de lado, os tornozelos se fortalecem através da pratica do kata Tekki, e isto trás muitos benefícios para o uso dos membros inferiores pelos karatekas.
            Os Tekki são kata muito mais antigos que os kata Heian. Existem três Tekki, e acredita-se que o Nidan e o Sandan foram cridados por Yasutsune Itosu. O primeiro kata Tekki é creditado a Sokon Matsumura, da cidade de Tomari, Okinawa. Mas não se pode ter certeza, pois não existem escritos confirmando ou negando essa história.            
            Os kata Tekki contêm o treinamento de muitas técnicas e seqüências de combate que são efetivas e necessárias para o aprendizado e compreensão das inúmeras técnicas de mãos do karatê.
            A linha de atuação nos kata Tekki é a linha reta, com os movimentos sendo executados para um lado ou outro. Se a postura de pés cruzados não estiver correta, a linha de atuação tende a inclinar-se para a frente. Portanto, o ritmo da mudança do peso do corpo e do alinhamento dos dedos de ambos os pés é importante. Qualquer que seja o movimento, a postura de cavaleiro não deve ser alterada. E quando se executam técnicas para o lado, o corpo, dos quadris para baixo, tem que estar voltado para a frente.
           
            Nome em Okinawa: Naihanchi/ Naihanchi Shodan
            Movimentos: 29 kyodos.
            Tempo: cerca de 50 segundos.
Kiai: no 15º e 29º kyodos.

 

TEKKI NIDAN      

Cavaleiro de Ferro 2


            O segundo e terceiro kata Tekki são considerados kata livres (Tokui Kata) e não obrigatórios para exames de faixa. O primeiro Tekki é requerido para promoção de faixa e também para eliminação em competições na maioria dos torneiros Shotokan.
            O segundo kata Tekki é muito rítmico comparado com os outros dois Tekki. Executado corretamente este simples kata ele se torna muito interessante e dinâmico de ser observado.
            Com o Tekki Nidan domina-se a diferença entre o bloqueio agarrando do nível médio (tsukami-uke) e o bloqueio em gancho (kake-uke).
            Nome em Okinawa: Naihanchi Nidan
            Movimentos: 24 kyodos.
            Tempo: cerca de 50 segundos.
            Kiai: no 16º e 24º kyodos.

 

TEKKI SANDAN    

Cavaleiro de Ferro 3


            O interessante sobre os kata Tekki é que ao mesmo tempo que eles são tão similares, eles também são muito diferentes uns dos outros. Tekki Sandan contem técnicas dos dois primeiros, mas essas técnicas são revisadas no modo de como são realizadas e aplicadas.
            O segundo e terceiro kata Tekki é creditado como criação de Itosu, enquanto o primeiro foi criação de seu instrutor, Sokon Matsumura.
            Tekki Sandan contem diferentes performances de bloqueios e socos dos dois primeiros Tekki. E também contem, e talvez explique, técnicas do Jion, Jiin e Heian Sandan.
            O domínio da rápida regulagem do tempo é necessário para os bloqueios alternados. Domine as posturas do cavaleiro e de pés cruzados.
Nome em Okinawa: Naihanchi Sandan.
            Movimentos: 36 kyodos
            Tempo: cerca de 50 segundos.
            Kiai: no 16º e 36º kyodos.

BASSAI-DAI    
Romper a Fortaleza – Longo


            Bassai provavelmente significa algo como “Extrair da Fortaleza”. O primeiro caractere pode ser lido como nuki ou batsu, dependendo da combinação. E significa “extrair” ou “retirar”. O segundo caractere pode ser lido como fusagu ou sai que significa “fechar, obstruir ou remover do caminho”. Há muitos significados que podem ser entendidos da combinação desses caracteres.
            O nome Bassai pode ser escrito com seis diferentes caracteres, e nenhum instrutor de Karatê Japonês para saber realmente quais dos kanji são os originais. A tradução comum é “Penetrar/Romper a Fortaleza”, entretanto, não parece haver nenhum kanji para penetrar entre os muitos que são usados para nomear este kata. O porquê de se usar “Penetrar a Fortaleza” nas traduções de diversos livros de karatê é um mistério, porque esta tradução não é possível.
            Nos livros O Melhor do Karatê Volume 6 de Masatoshi Nakayama e Karate-Do Kyohan de Funakoshi/Ohshima, ambos apresentam “Penetrar na Fortaleza” como tradução para Bassai.
            O último caractere, Dai, significa “longo”. Os três kata “Dai” no Shotokan são Kanku-Dai, Gojushiho Dai e Bassai-Dai, e foi dado este nome para distingui-lo da outra versão do mesmo kata que foi trazido para o sistema Shotokan. Os kata Daí são as versões longas dos kata, Os outros kata que faz parte desses pares são os kata “Sho”, que são os kata “curtos”.
            Bassai-Dai é um kata muito antigo, e há muitas versões dele nos diversos estilos de karatê. È creditado a Sokon Matsumura a criação do kata, mas ninguém realmente sabe de onde este kata tem origem, nem se sabe com certeza quem inventou a primeira versão. Não se sabe quão antigo é este kata, nem se ele surgiu na China ou em Okinawa.
            Acredita-se que o Bassai-Dai venha da cidade de Tomari, mas não há evidências que comprovem. Existem outras versões do kata que possuem nomes que se referem à cidade de Tomari, como o Oyadomari Bassai, que significa “Bassai criado em Tomari”. Alguns acreditam que este nome se refere a um homem chamado Oyadomari. Existe também o Tomari Bassai. Ambos Tomari Bassai e Oyadomari Bassai são muito similares.
            Assim como outros kata Shotokan que parecem ter origem na cidade de Tomari, como o Jutte, Jion, Jiin e Empi, Bassai inicia com o punho direito coberto pela mão esquerda. Este movimento parece ser peculiar para os kata Shotokan que possivelmente são originados da cidade de Tomari.
            Existem muitas versões diferentes do Bassai-Dai como o Matsumura Bassai, Tomari Bassai, Oyadomari Bassai e Ishimine Bassai. Todas essas versões são  similares em sua forma básica, mas nenhum é idêntico ao outro. Muita das versões deste kata preferem a posição do gato ao invés do kokutsu-dachi, mas isso não é surpreendente considerando que o kokutsu-dachi parece ter sido introduzido no Shotokan nos anos 30. 
            Bassai-Dai, mais que qualquer outro kata, nos leva a pensar sobre as diversas aplicações para suas técnicas, além das técnicas mais comumente apresentadas nos livros de karatê. As técnicas simplesmente não fazem sentido quando baseados no estilo de combate do Shotokan que são socos e chutes. Bloquear, bloquear, bloquear e bloquear mais um pouco. Por que alguém faria isso? A resposta, com certeza, é que ninguém o faria. Por tanto não é isso que é feito no kata. Há mais do que simples bloqueios neste kata. Assim que você chegar nesta conclusão, começará a imaginar as aplicações avançadas em todo o kata.        
            Existem muitas aplicações interessantes do kata Bassai-Dai. As mais óbvias aplicações envolvem bloqueio, socos e chutes. Os bloqueios podem ser interpretados como uma série de arremessos, rasteiras combinadas com imobilizações e chaves-de-braço.
            O kata Bassai recebe este nome porque pressupõe o espírito e a força necessários para investir contra a guarda do inimigo. Ele precisa ser cheio de vitalidade, mas, se não tiver uma dignidade imponente, suas características especiais não se manifestarão. Bassai e Kanku são jóias preciosas entre os kata do Shotokan. Depois de aprender os fundamentos com os kata básicos, este deve ser dominado a todo custo.
            Aprenda a usar os opostos: tranqüilidade e agilidade, força e mudança, técnicas rápidas e lentas, aplicações leves e pesadas da força. Do contrário, o kata não será eficaz.
            Nome em Okinawa:
            Movimentos: 42 kyodos.
            Tempo: cerca de 1 minuto.
            Kiai: no 19º e 42º kyodos

 

KANKU-DAI    

Contemplar o Céu – Longo



            O nome Kanku é a combinação de dois caracteres. O primeiro caractere é Kan, que significa ver, olhar, ou vista. O caractere seguinte is Ku, que pode representar muitas coisas: céu, vazio, vácuo ou ar. O nome Kanku é freqüentemente traduzido como “Contemplar o Céu”. Outras possíveis interpretações: Olhando para o Vazio e Olhando para o Céu.

            A palavra Dai significa longo. O seu outro par é o Kanku-Sho, e acredita-se que esta é a versão mais moderna do mesmo kata. Kanku-Sho é uma possível criação de Itosu, que após praticar Kanku-Dai por anos, criou uma versão que era mais compatível com os golpes que ele queria praticar.

            Kanku-Dai teve cinco diferentes nomes durante sua história em Okinawa e no Japão.

            Um lendário diplomata Chinês com o nome Kung Siang Chung supostamente trouxe este kata da China para Okinawa. Outros mitos dizem que ele criou o kata. Outros ainda dizem que seu aluno, Sakugawa, criou este kata e o nomeou em homenagem ao seu professor, Kung Siang Chung. O modo Okinawano de se pronunciar os três kanji que formam o nome Kung Siang Chung é Ku Shan Ku.

            Quando Funakoshi trouxe este kata para o Japão, ele o renomeou como parte de seus esforços para remover os traços Okinawanos para se tornar mais aceitável pelos japoneses. Ele deixou os mesmo três caracteres chineses – Kung Siang Chung – mas mudou a pronúncia para o modo japonês. O kanji é pronunciado como Ko So Kun no Japão. Portanto o nome que foi ensinado aos alunos japoneses de Funakoshi foi Kosokun.

            O nome Kosokun continua sendo usado pelo estilo Shito-Ryu no Japão, isso é irônico, considerando que no Shito-Ryu eles se referem aos Heian como Pinan, que é a pronúncia Okinawana dos caracteres chineses. Todo estilo japonês parece ter misturado aleatoriamente as pronúncias okinawanas e japonesas dos nomes dos kata, sem nenhum tipo de padronização.

            Em algum ponto o nome Kosokun foi abandonado e trocado por Kanku, e o sufixo Dai foi colocado quando o kata Kanku-Sho foi trazido para o Shotokan. No estilo Shito-Ryu estes dois kata são conhecidos como Kosokun-Dai e Kosokun-Sho, e no Shotokan como Kanku-Dai e Kanku-Sho.

            No livro Karate-do Kyohan, de Funakoshi, traduzido do japonês para o inglês por Ohshima Tsutomu, o líder do Shotokan Karate of América. No livro, Ohshima traduz o kanji de Kanku como Kwanku. Ohshima diz que “Kwanku” é a pronúncia Okinawana para a palavra Kanku. Por que Ohshima traduziu este kata usando a pronúncia Okinawana?

            Os livros de Funakoshi indicam que ele estava tentando mudar os nome dos kata da pronúncia okinawana para a japonesa. Em Ryukyu Karate Kenpo e Rentan Jutsu, os dois primeiros livros sobre karatê, ele utilizou o nome Kosokun. Por que ele mudaria a pronúncia Okinawana Kushaku para a japonesa Kosokun, e depois mudaria novamente para a pronúncia okinawana de Kwanku ao invés de Kanku? Isto não faz sentido, aparentemente ele nunca escreveu seu kata com o nome de Kwanku.

              Hoje, seria muito mais simples se Funakoshi tivesse deixado os nomes originais dos kata intactos, ou se os nomes chineses de kata derivados da China tivessem sido mantidos pelos okinawanos, para que pudéssemos descobrir suas origens. Funakoshi presumiu que os japoneses prefeririam pronúncias Japonesas.

            E aconteceu que os Japoneses preferiram os nomes okinawanos dos kata. Sochin, Wankan e Chinte são exemplos de kata que Funakoshi tentou re-nomear, mas seus alunos preferiram chamá-los pelos nomes de Okinawa. Em contraste, os okiwanos, rejeitavam a cultura chinesa em tudo que lhes era dado. Quando o nome do kata era da China, o povo de Okinawa pronunciava os nomes chineses utilizando seu idioma. Eles adaptavam tudo para si mesmos.

            Como resultado, Kanku-Daí, teve cinco nomes desde 1921: Kushanku à Kosokun à Kanku à Kanku-Dai /à Kwanku.

            Kung Siang Chung é supostamente o nome de um famoso diplomata chinês que viajou para okinawa por volta de 1700. Parece que ele morou na cidade de Shuri e se tornou amigo de Sakugawa, um expert nas lutas de Okinawa. O diplomata chinês foi treinado em artes marciais de seu país e ensinou o boxe chinês para Sakugawa, que ensinou seu pupilo Sokon Matsumura. Teria Kung Siang Chung, o legendário Kushanku/Kosokun, criado o Kanku-Dai moderno? Ou será que alguém criou Kanku-Dai do kata Channan, que Kung Siang Chung trouxe para Okinawa? Será que este diplomata chinês realmente existiu ou será que ele é uma metáfora para todos os diplomatas chineses que viveram na Ilha de Okinawa?

            Os três caracteres que formam Ku Shan Ku significam: “Senhor Oficial do Governo” ou “Senhor Diplomata”. Por isso talvez nunca houvesse um Kushanku que viveu em Okinawa e foi diplomata, o nome possivelmente representasse os diplomatas que viveram em Okinawa durante 1700 e 1800. O legendário Kushanku provavelmente é um símbolo dos chineses que viveram em Okinawa e que ensinaram os nativos os sistemas de luta da China. Ou talvez realmente existiu um diplomata com este nome, não se pode ter certeza.

            Kanku-Dai é considerado o kata que representa o Shotokan, ele mostra as técnicas mais típicas do estilo e supostamente era o kata favorito de Funakoshi. Ele realizou este kata durante a demonstração para o príncipe Hirohito em 1922. Basicamente o kata é como uma cópia dos kata Heian. Kanku-Dai também é parte do karatê Shito-Ryu, Kenwa Mabuni, o fundador do Shito-Ryu foi um dos colegas de Funakoshi nos treinos de Itosu, e aprendeu o kata juntamente com Funakoshi.

            Alguns dizem que o kata Kanku-Dai é a fonte dos kata Heian. Os Heian se correlacionam com as técnicas do Kanku. Realizando uma única técnica do Kanku-Dai, você poderá ver a mesma técnica, por exemplo, no Heian Godan. E poderá observar que o Heian Godan mostra mais detalhes de como executar e aplicar esta técnica do kata Kanku-Dai. Eles são como mapas uns dos outros.

            Existem supostamente quatro versões do kata Kushanku. Kanku-Dai e Kanku-Sho do Shotokan e Shito-Ryu são duas das versões existentes. A terceira versão é Shiho Kosokun que basicamente se parece com o Kanku-Dai realizado para a esquerda ao invés de para a frente. Shiho significa “quatro direções”. Este kata foi criado por Mabuni, fundador do Shito-Ryu, para que ele pudesse praticar Kosokun em um espaço pequeno.

            O quarto kata Kushanku é o Yara Kushanku. Esta versão é aparentemente a interpretação do kata Kushanku pelo um famoso okinawano chamada Yara. As versões Shiho e Yara vieram muito mais tarde que o Kanku-Dai original.

            Uma coisa interessante sobre o kata Kanku-Dai é que ao se observar seu embusen, verá o kanji “hon” no chão. E o mais interessante nessa teoria, é de que hon pode significar “origem, fonte, raiz ou centro”. Seria essa a chave para se acreditar que este kata é a raiz para o nosso estilo ou que ele seria o mais importante?

            Nome em Okinawa: Kushanku, Kwanku.  

            Nome no Japão: Kosokun, Kosokun-Dai, Kanku-Dai.

            Movimentos: 65 kyodos.

            Tempo: cerca de 90 segundos.

            Kiai: no 15º e 64º kyodos.

JION    

Amor e Gratidão

            O nome Jion é de origem desconhecida. Alguns dizem que o nome vem de um templo chamado Jion-Ji, que significa literalmente Templo Jion. Há também um santo Budista também conhecido como Jion. No Japão pode se encontrar centenas de templos com esse nome, portanto a referência não é muito específica. Ou também poderia sugerir que o kata tivesse sido introduzido por alguém identificado com o Templo Jion. Encontramos o nome Jion em muitos documentos chineses antigos, e é possível que alguma forma de boxe chinês tenha sido transmitida por essas pessoas ligadas a um templo chamado Jion.

            Ji pode significar amor, gentileza ou amando. On pode significar graça, gratidão, benevolência ou gentileza. Supostamente é um termo budista citado em alguns textos antigo que não mais é utilizado nos dias de hoje.

            A versão Jion do Shotokan é significativamente diferente da versão do Shito-Ryu.

            Jion, Jiin e Jutte são agrupados no chamado “Três Kata de Respeito”. A razão para isto é que os três kata começam e terminam com o punho direito sob a palma esquerda, um sinal de respeito chinês.  Desde que o okinawanos adquiriram alguns kata da China, não é errado presumir que o punho coberto possa ter origem no movimento de etiqueta chinês de início dos treinamentos.

            Alguns acreditam que o Jion, Jutte e Jiin são o mesmo kata. Assim como Kanku-Sho, Kanku-Daí e Shiho Kosokun, os “Três Kata de Respeito” seriam o mesmo kata que atravessaram trajetórias diferentes e finalmente se encontram no Shotokan como se fossem três kata diferentes. Um kata com três versões. As evidências que suportam esta teoria são facilmente demonstradas. Jion e Jutte contêm as mesmas técnicas. No Jion há três avanços atacando com a palma da mão, estes ataques também aparecem no Jutte. E também é encontrado no Jiin, mas com as palmas viradas um pouco mais acima, e se tornam ataques com a mão em espada, ficando mais difícil de ser reconhecido. Jion tem os três bloqueios com o antebraço. Jutte também, mas como bloqueios para fora em nível superior (postura da montanha). Estas são as mesmas técnicas, mas com perspectivas diferentes.

             Nome em Okinanwa: Jion.

            Movimentos: 47 kyodos.

            Tempo: cerca de 1 minuto.

            Kiai: no 17º e 47º kyodos.




JITTE    

Dez Mãos ou Dez Técnicas

 

            O nome Jitte é a combinação do caractere do número dez e o caracter para mão, como em Kara-TÊ. Quando usando o sentido de “dez” os japoneses as vezes pronunciam o número dez com o som Ju ao invés de Ji. Pode chamar este kata de Jitte ou Jutte, tanto faz.

            Jitte/ Jutte significa Dez Mãos. Diz-se que “Dez Mãos”.  O número dez pode se referir ao número de técnicas neste kata.

            Existe também a especulação que o nome do kata poderia se referia a arma jitte que a polícia japonesa utilizava há 200 anos. Essa peça consiste em uma ponta de metal com um único apêndice lateral feito para reter a lâmina das espadas. Mas qual seria a relação com o kata ainda é um mistério.

            A idéia implícita na palavra Jitte é que o domínio desse kata deve capacitar o praticante a realizar a ação de dez homens. Ele ensina técnicas que permitem enfrentar ataques desferidos com armas, especialmente bastões.          

            Um bloqueio vigoroso exige o domínio completo de vários pontos importantes encontrados também no kata Heian Sandan, como o papel fundamental dos quadris na concentração da força. O kata Jitte ajuda a fortalecer os ossos e os tendões, também ajuda a compreender a importância de se manter certa tensão nas partes laterais do tórax e de se saber controlar essa tensão, por exemplo, ao girar o tronco depois de bloquear, ao derrubar o oponente ou ao agarrar o adversário a força.

            Nome em Okinawa: Jitte/ Jutte.

            Movimentos: 24 kyodos.

            Tempo: cerca de 1 minuto.

 Kiai: no 13º e 24º kyodos.




HANGETSU    

Meia-Lua

            Han significa “metade”. Getsu significa “Lua” ou “Mês”. Quando não combinado com outros caracteres o segundo caractere também é pronunciado como tsuki (lua) ou gatsu (mês). Hangetsu significa Meia-Lua ou Metade de um Mês. A postura utilizada no kata é a postura da meia-lua, assim como o nome deste kata: Hangetsu-Dachi.

            Hangetsu poderia não ser traduzido como Meia-Lua, mas sim como Metade do Mês, que seria uma tradução legítima para o nome Hangetsu. O kata poderia ter sido tirado de uma dança folclórica chinesa em que se explica a importância das marés e dos 13 dias que a lua leva para rodear a Terra, descrevendo movimentos que mostram quando se deveria fazer cada coisa, baseado nas fases da lua e das marés.

            Hangetsu era originalmente chamado de Seisan, que significa 13 em Okinawa. A origem do nome Hangetsu é desconhecida, mas provavelmente foi um trabalho de Funakoshi. Em seu livro Ryukyu Kenpo Karate ele lista este kata com o nome Seisan. O nome Seisan poderia se referir ao ciclo de 13 dias das fases da lua, e sabendo disto, Funakoshi poderia ter nomeado o kata como “Meia-Lua” ou “Meio Mês”.

            Hangetsu contêm muitos movimentos lentos associados com a respiração. A idéia é criar contrações musculares isométricas durante o movimento. Ensinando o valor da contração gradual e descontração associando com a respiração.

            Muitos estilos diferentes de karatê praticam um kata como o Hangetsu com uma respiração profunda e ruidosa conhecida como “ibuki”. Ibuki não é praticado no Shotokan, e mesmo que a respiração seja profunda durante o kata, não deve ser ruidosa.

            A origem do kata está em um kata chamado Seisan ou Seishan, ambas as pronúncias são legítimas em Okinawa. Seisan significa “13” e é pronunciado como Jusan no Japão, o dialeto de Okinawa freqüentemente resulta em uma pronúncia diferente para os mesmos caracteres. Assim como o kata Jitte, Hangetsu seria nomeado pelo número de técnicas que contêm. Isso explicaria o número 13 para o nome original do kata, Seisan.

            O kata possui movimentos pesados, tensos e lentos, que são populares no Goju-Ryu e muitos outros kata descendentes do Tode da cidade de Naha, em Okinawa. Entretanto este kata não veio de Naha. O Seisan de Naha-Te é mais complicado. Os dois kata possuem a mesma essência de exercícios, mas são diferentes, indicando que a versão Goju (Naha-te) tivesse passado por alguns aprimoramentos. Talvez a versão do Seisan que é ensinado no Goju-Ryu e Shito-Ryu seja uma versão mais recente e desenvolvida do que o Seisan (Hangetsu) do Shotokan e talvez tivesse sido importado da China após o Seisan original ter passado por algumas revisões na própria China.

             As artes marciais do sul da China chamam este kata de “As Quatro Mãos do Portão” (Four Gate Hands), e possivelmente o Hangetsu possui sua origem vindo do sul da China. Para um karateka do Shotokan, ao assistir o Four Gate Hands, ele saberá que está vendo o kata Hangetsu.

            Um outro ponto interessante é que a versão do kata Seisan do estilo Wado-Ryu vem do kata que Funakoshi ensinava na época, pois a escola Wado se originou do Karatê Shotokan nos anos 30. E esta versão nos indica que Funakoshi estava ensinando uma das primeiras versões pouco modificadas do kata que era ensinado em Okinawa. E que o kata Hangetsu, diferente da grande maioria dos outros kata, não sofreu mudanças muito significativas da forma original.

            São características desse kata as técnicas rápidas e lentas, os movimentos de mãos e pés em movimentos em arco. Os movimentos dos pés são sempre úteis para que o karateka se insinue entre as pernas do oponente, atacando e perturbando o equilíbrio dele. Os movimentos com deslizamento dos pés no Hangetsu são mais eficazes para ataques de perto.

            Nome em Okinawa: Seishan ou Seisan.

            Movimentos: 41 kyodos.

            Tempo: cerca de 1 minuto.

            Kiai: no 11º e 41º kyodos.




GANKAKU    

Garça sobre a Rocha

            O nome deste kata é composto de dois kanji, o primeiro é rocha e o segundo é grou/garça. E a interpretação comum é Grou sobre a Rocha. A característica deste kata é a postura em uma só perna que ocorre repetidamente. Representa a visão esplêndida de uma garça pousada em total equilíbrio em uma pedra, prestes a lançar-se sobre sua vítima.

            Este kata supostamente tem alguma relação com o kata Chinto praticado em muitos sistemas Shorin-Ryu em Okinawa. Existem dois Chinto diferentes que podemos identificar no karatê de Okinawa. Um Chinto é o kata Gankaku do Shotokan, e o outro seria uma outra versão do Gankaku. Hirokazu Kanazawa aprendeu e começou a ensinar a outra versão do Chinto sob o nome de Gankaku-Sho. Você pode ver esta versão do Chinto no livro de Soshin Nagamine sobre o karatê Shorin-Ryu: “The Essence of Okinawan Karate-do”.

            Gankaku é um kata interessante composto de técnicas únicas, no estilo Shotokan não há muitos kata que requerem ficar equilibrado em uma perna só. E também requer o chute lateral a partir da posição em uma perna só. O chute duplo do Kanku-Dai aparece no Gankaku, mas de forma invertida.

            O autor deste kata é desconhecido, bem como sua data de origem. Contudo, o nome original do kata era “Chinto” que significa Batalha do Leste. Funakoshi mudou o nome para Gankaku com sucesso, não só para mudar para língua japonesa, mas também para remover a conotação de guerra e batalha que o nome do kata trazia.

             Gankaku não é o único kata do karatê que possui a imitação de uma ave em postura de uma pena só para para produzir um ataque. Outro kata não praticado no Shotokan, mas muito popular no Shito-Ryu e em outros estilos japoneses é o Rohai. Rohai possui quatro versões, uma de Matsumura, outras três de Itosu, todos quatro são populares em outros estilos de karatê. Rohai significa “Símbolo da Garça”, e também contêm a postura em uma perna só. Uma das versões do kata de Itoso é a que acredita-se que o kata Meikyo derive. A versão de Matsumura é mais comumente vista no Shito-Ryu.

            Nome em Okinawa: Chinto.

            Movimentos: 42 kyodos.

            Tempo: cerca de 1 minuto.

            Kiai: no 28º e 42º kyodos.




EMPI    

O Vôo da Andorinha


            O nome Empi é composto pelos caracteres andorinha e vôo.  E o nome do kata é comumente traduzido como “Vôo da Andorinha” ou “Andorinha Voadora”. O nome pode ser escrito como Enpi ou Empi, não faz diferença.

            O nome original deste kata é Wanshu, talvez em referência a Suppashi Wanshu, um famoso instrutor de karatê da história de Okinawa.  Talvez o nome Empi tenha sido uma criação de Funakoshi para este kata, e um nome que de fato pegou, diferente de muitas outras tentativas de re-nomear os kata, como por exemplo: Sochin à Hakko, Wankan à Shiofu e Gojushiho à Hotaku que são as mudanças nos nomes que não foram muito bem aceitas pelos alunos.

            O significado do nome Empi, “Andorinha voadora”, está no golpe ascendente no nível superior e no ato de saltar e golpear ao mesmo tempo em que o praticante agarra o oponente e o puxa. Todos esses movimentos sugeremo vôo alto e baixo da andorinha. O nome Empi também se aplica à inversão da direção que é como voar. Esse é um kata leve e fácil, enérgico e perspicaz.

            Num confronto com o adversário, ao ser agarrado pela mão, o praticante pode descobrir técnicas e aberturas, induzir o oponente a atacar, e pode ainda aprender com a mudança de táticas.

            Nome em Okinawa: Wanshu.

            Movimentos: 37 kyodos.

            Tempo: cerca de 1 minuto.

            Kiai: no 15º e 36º kyodos.